terça-feira, março 01, 2011

Algumas obras de arte são tão relevantes quanto a seu trato com a determinado assunto que são dignas de serem reescritas. Grandes filmes, grandes livros, sublimes histórias épicas… sempre que é possível alguém as reconta, resiginifica, reapropria de sentimentos e as torna novamente contemporâneas. Este é o verdadeiro valor dos clássicos: as suas atribuições universais e ao mesmo tempo mutantes.
Escrevo este texto após ter comemorado a formatura de um grande amigo. Mas também por saber que o período clássico da minha vida poderá ser retomado e de alguma forma reinterpretado por mim mesmo. Os grandes altores não tem esta perspectiva de carreira. Felizmente, por um balé caótico do destino, cuja colaboração da minha mente emesmada foi determinante, me pus no mesmo lugar que a alguns anos atrás fui capaz de me furtar precocimente. Eis que Viçosa, e as loucuras de Viçosa, outra vez dança pra mim como se fosse um prêmio de um caça níquel, que aliás nunca joguei, inesperado.
A história é outra. A história vai ser outra. Porque a imaturidade do passado não mais existe. E a vida ensina muita coisa aos sonsos de um copo de delírio. Não existe medida exata para uma mente que anseia por novas velhas aventuras, e nem existe um outro caminho. Só existe um caminho. Aquele que você descobre no meio da bagunça e é capaz de correr a longos passos sem que a vida o faça tropeçar além daquilo que lhe permite avançar, nem que seja um único milímetro.
E como uma piada cabe no meio desta chatice? Bem, as chatices sempre são exelentes momentos cômicos que dependem unica e exclusivamente do ponto de vista. O que dirá aquele cachorro que lambeu a cara de um “amigo meu” numa festa em Viçosa? Ou talvez os grandes amigos que uma amiga fez naquela mesma noite? Ou ainda aqueles “não” folclóricos que outro “amigo” levou em meio a ameaças de suicídio? Quem sabe o que o futuro reserva? O caminho intimista sempre deve ser traçado, com a busca pelo original que parte de dentro de você. Mas quem irá permitir que a originalidade salte de dentro de si e agrida o mundo que só pensa no pudor da vida dos hipócritas? Amigo, lembre de suas vontades, e esqueça as periféricas motivações alheias. O que conta é sempre a farofa, o satisfatório, a batata, a música mal cantanda, os amores vividos sobre os não vividos, a imoralidade dos ingênuos, e a Taça Guanabara!!!

4 comentários:

Paulo Vinicius disse...

esse blog é uma das coisas mais originais que eu ajudei humildemente a compor na minha vida.

Luiz Fernando disse...

Este foi o texto que mais me tocou em todos os tempos no blog da panela. Disse tudo que eu penso e não tinha sistematizado.

Resignificar a história é pra mim uma das coisas mais instigantes que a humanidade é capaz de fazer. Isso porque a medida disso é a experiencia corrida no tempo. Só é possivel de acontecer quando rompemos um modo de olhar as coisas, de ver o mundo. O que dizer então de resignificar nossa propria história, nosso passado?

As vezes nossas escolhas trazem pra gente algo que ja tivemos. Só que essa coisa sempre vai ser diferente. Melhor ou pior, talvez não seja o principal. Acho mais adequado pensar que vai ser diferente. E corramos sempre em busca do original de nós mesmos.


Preto, me espera pra te receber em Viçosa outra vez.

Unknown disse...

Cachaça pura, isso sim.

Mas não deixa de ser belo, verdadeiro. Gostei!

Anônimo disse...

A humanidade não é capaz de fazer nada, já que não se trata de um ente real. Quem pode resignificar a história é um historiador, ou uma pessoa, porque são entes individuais reais. A não compreensão disso demonstra a incapacidade dos nossos historiadores compreenderem suas próprias pesquisas. E redigir somente flatus vocis.